Este fim de semana estive em São Paulo por terceira vez em minha vida. Na realidade é a quarta vez que visito essa cidade, mas a primeira acho que não deve se ter em conta, pois não saí do aeroporto, que, como sabem, é um não-lugar, um
nengures. Como aconteceu as outras vezes, en nenhum momento consegui saber onde é que estava, totalmente desorientado. Não tenho uma imagem mental do plano de São Paulo, não faço a menor idéia de sua forma e extensão, só conheço o que intuo. Como nas duas ocasiões anteriores, deixei me levar pela minha mulher, que, além de uma maior capacidade de orientação, conhece melhor a cidade. A mega-cidade. Desde o ar, antes de pousar em Congonhas, São Paulo parece uma maqueta gigante, com aqueles arranha-céus que brotam das entranhas da terra. Senti realmente vontade de me perder naquela selva de asfalto; às vezes é bom se sentir ponto na imensidão, na mesmice do nada. O horizonte não existe em São Paulo, por cima dos edifícios apenas uma massa cinzenta de poluição. Já desde o chão, o céu longínquo tem degraus com antenas de televisão e heliportos.
Mas São Paulo não é só uma cidade grande, é também uma grande cidade, onde tudo acontece. Da noite do sábado, por exemplo, lembro apenas uma bruma. Depois de uma terrível dor de dentes e uma intervenção de urgência, após um dia e meio sob os efeitos de analgésicos e antiinflamatórios, com meia mandíbula dormida pela anestesia, duas simples caipirinhas e dois chopes podem causar estragos na consciência. Mas nada grave, e tudo dentro da legalidade, sem risco de ser encarcerado pelas guardiãs da ordem (e o progresso?). Aliás, São Paulo tem uns bares muito legais.
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