No Globo de domingo passado Elio Gaspari comentava em sua página a verdade descoberta sobre o famoso resgate da soldada Lynch. Arrumação do pentágono, que nem filme de Rambo, para levantar, mais ainda se fosse possível, o orgulho patriótico dos americanos. Nem a soldada Lynch fora atingida por fogo inimigo, após uma resistência heróica, nem estava presa num bunker, mas num hospital desassistido, nem tinha sido maltratada pelas perversas tropas de Sadam. Muito pelo contrário, estava recebendo os melhores cuidados médicos dada a penosa situação que os próprios EE.UU tinham criado. Parece que os autores do documento, possuídos por alguma extemporânea pretensão artística, até repetiram algumas cenas que tinham ficado ruim no "improvisado" vídeo. Dava para imaginar, em tempo real, que aquilo que estávamos assistindo na televisão não devia ser bem assim. É óbvio de mais o empenho por imitar a realidade construída por Hollywood. E, aliás, não somos novos nisto. Temos experiências passadas para comparar. Aquela gaivota petroleada que vimos nas televisões quando a primeira guerra do golfo, pretensa vítima inocente da cruel artimanha de Sadam, quem teria queimado poços de petróleo antes de se retirar de Kuwait, era na realidade mais uma vítima do naufrágio de um petroleiro desse capitalismo delinqüente capaz de incluir a guerra entre as suas estratégias comerciais.
O pior de tudo é que já nem importa sabermos que tudo é mentira. Como diz uma das proposições de Guy Debord em
A Sociedade do Espetáculo, "no mundo
realmente invertido, a verdade é um momento do que é falso".
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